Biografia de RAYMUNDO TEIXEIRA DE CARVALHO
Organizada por Samir Tanios Hamzo
Baseado no texto escrito a punho intitulado “Curso de minha vida”.
Aspectos pessoais
Nascido em 23 de
março de 1942, na Rua Vitorino Carmilo 217, cidade de São Paulo, morou até os
cinco anos de idade. Filho de Mario Teixeira de Carvalho e Aurora de Jesus
Carvalho, após residir um ano e meio na rua ministro Godoy 355, mudou-se em 1948
para o Planalto Paulista, para uma casa térrea, de número 10, existente numa
vila, à Avenida Piassanguaba, 2001.
Casou-se em 30 de maio de 1965 com a Sra. Maria Helena Silva de Carvalho, indo
morar na Rua Pavuna 141, apto 2, Vila Guarani, onde em 14 de maio de 1966 nasceu
seu primeiro filho, Marco Antonio.
Tiveram mais três filhos: Mario, Marcio e Marcelo.
Vida escolar
Ingressou no Instituto de Educação Caetano de Campos aos seis anos de idade,
onde cursou até o segundo ano primário. Transferiu-se então ao Grupo Escolar
Almirante Barroso, em São Judas, concluindo a quarta série do curso primário.
Fez curso de admissão no grupo escolar Marechal Floriano e iniciou seu curso
ginasial no Ginásio Estadual Professor Alberto Levy. Teve que abandonar os
estudos dois anos mais tarde, para poder trabalhar em tempo integral, já que
desde os oito anos de idade trabalhava em meio período. Somente aos quinze anos
de idade, em 1957, ingressou na Escola Pestalozzi para o Curso Madureza, que
concluiu, mas não prestara exames, pois estes eram realizados no interior do
Estado.
Vida profissional
Trabalhou durante cinco anos na “Casa Janice”, na Avenida Jabaquara, vendendo
calçados, dois anos no Instituto “De Angelis”, na Avenida Indianópolis, dois
anos na Casa Levy e mais de 10 anos na Casa Nicola, também como vendedor de
sapatos. Em meados da década de 70, trabalhou temporariamente como auxiliar de
topografia, junto com o Sr. Rubens Pujol, que era pai de dois meninos do Grupo
Escoteiro Piratinis.
Vida escoteira
Com
a formação de um Grupo Escoteiro no Grupo Escolar Almirante Barroso, pelo chefe
Ernezito de Mello, da Federação Brasileira dos Escoteiros do Ar, ingressou no
Movimento Escoteiro como lobinho da Matilha Branca, em 10 de março de 1949, pois
seu pai temia que, na impossibilidade de poder educá-lo em tempo integral, se
tornasse um menino de rua, à margem da sociedade.
Fez o “Compromisso de
Lobinho” em 21 de abril de 1950. Atingiu o adestramento de “Lobinho de duas
Estrelas”, sendo primo da Matilha Branca até 1953, quando deixou a Alcatéia em
12 de outubro.
Ingressou na Patrulha
Águia, fazendo o Compromisso Escoteiro em 15 de novembro de 1953. Foi
Sub-Monitor e passou a Monitor da Patrulha Gaivota, em eleição realizada em
Corte-de-Honra no dia 1º de maio de 1955.
Tinha o apelido de
Rubi, pois sempre levava como lanche para os acampamentos e excursões, uma lata
de sardinha “Rubi” e pão. O seu espírito brincalhão o levaria até a rubricar
documentos com o apelido.
Passou a Escoteiro
Sênior em 2 de novembro de 1956, durante um Acampamento em Embu, ingressando na
Patrulha Condor, da Tropa 3 - Almirante Barroso. Durante os três anos que
permaneceu na Tropa sênior, foi Sub-Monitor e Monitor de Patrulha, atingindo a
2ª Classe e recebendo seu Brevê em 7 de setembro de 1958.
Ingressou no Clã de Pioneiros em 22 de dezembro
de 1959, na Equipe 14 Bis. Em 7 de outubro de 1960, foi eleito Sub-Companheiro
da Equipe, indo ao posto de Companheiro, com a saída do Pioneiro Enrique que
passou a Mestre Pioneiro. Atuou como Auxiliar do Mestre. Foi investido em 16 de
agosto de 1961.
Durante sua
permanência no Grupo Escoteiro Almirante Barroso, estiveram na Chefia: Ernezito
Mello, Ronaldo, Radamés, Roberto Macuco Mosca e finalmente Glen Oswald Colli.
Com a interrupção das atividades por mais de um ano, o Grupo foi fechado em
1962.
Em março de 1964,
Raymundo fora visitar um colega, o Chefe Mario Paranhos, no Grupo Escoteiro
Cruzeiro do Sul, quando foi convidado a participar das atividades do Grupo.
Ficou e iniciou seu trabalho como Auxiliar. Em 15 e 16 de agosto do mesmo ano,
fez o Curso de Alcatéia no Sítio Três Marias, em Cabuçu. A direção do Curso foi
da Akelá Carma Pfister. Foi aprovado, recebendo o certificado número 1774.
Com a expansão do
Movimento Escoteiro, por solicitação da Diretoria da Sociedade Amigos da Cidade
Vargas, foi decidida a formação de mais um Grupo Escoteiro, onde o chefe
Raymundo foi convidado a ser Assistente de Chefe de Tropa. Este seria o Grupo
Escoteiro Canopus.
Recebendo em 8 de
dezembro de 1964 seu Anel de Gilwell, com autorização do Comissário Distrital do
49º Distrito, Julius Laucevicius, assumiu a chefia da Tropa Escoteira,
preenchendo a vaga deixada pelo Chefe Francisco.
Fez o Curso de
Adestramento Preliminar de Tropa Escoteira em 27 e 28 de fevereiro e 1º de março
de 1965, no Horto Florestal, sob a direção do Chefe Gastão Renault. Aprovado,
recebeu o certificado número 1789 de 10 de agosto de 1965 (A nomeação como Chefe
de Tropa só viria em 31 de janeiro de 1966, pelo certificado SP 092/66).
Assumiu
provisoriamente a Chefia do Grupo Escoteiro Canopus, em 21 de novembro de 1965,
com a saída do Chefe Mario Paranhos e em 15 de maio do ano de 1966, por
determinação do Comissário Distrital, assumiu definitivamente a Chefia do Grupo,
entretanto, sem deixar a Chefia da Tropa Escoteira.
Neste período, houve
um Acampamento no Ibirapuera e o Grupo conquistou o 2º lugar em Campismo. A
notícia fora dada em 22 de maio de 1966, com a presença do Comissário Distrital,
debaixo de muita chuva, no encerramento do Acampamento.
Em 5 de junho, foi
formalizada a função de Chefe de Grupo em reunião do Conselho de pais e Comissão
Executiva.
Mesmo com o acúmulo
de cargos e sem ter Assistentes, esta situação perdurou até janeiro de 1968,
quando em entendimento com o Comissário Distrital, o Chefe Raymundo foi forçado
a fechar o Grupo Escoteiro Canopus, por não ter mais sede.
A criação do Grupo Escoteiro Piratinis
Com um convite do
Vigário da Paróquia Nossa Senhora de Lourdes do Planalto Paulista, Pe. Antonino
foi realizada uma reunião na Igreja e decidiu-se iniciar o funcionamento de um
novo Grupo Escoteiro, o que aconteceu em 4 de fevereiro de 1968: Começava a ser
formado o Grupo Escoteiro Piratinis.
Assim, no dia 1º de
maio de 1968, assumiu oficialmente a chefia do Grupo Escoteiro Piratinis,
marcando a sua abertura oficial.
A primeira Akelá,
Julia Maria Costa, veio do extinto Grupo Escoteiro Canopus e era assistida por
Márcia Reis e Mercedes Gonçalves. O primeiro Chefe de Tropa foi Décio Zumbano, o
Chefe da Tropa Sênior Marco Aurélio Machado
A primeira atividade
externa com a Tropa Escoteira se deu em junho do mesmo ano, sendo uma excursão à
Riviera. Em 4 de agosto outra excursão, com bivaque, dessa vez em Eldorado, no
Clube Silva Plana.
A nomeação como Chefe
de Grupo veio em 22 de abril de 1969.
Com menos de dois
anos de existência do Grupo, no dia 21 de abril de 1970, entregou o 1º
distintivo de “Escoteiro da Pátria”, do Grupo e do Distrito, ao Escoteiro sênior
Edmundo Capelas de Oliveira. A solenidade foi na sede da APAE, em São Paulo.
Em maio de 1970, o
Chefe Raymundo assume o cargo de Diretor de Escotismo do Conselho Paroquial.
As cores do lenço do
Grupo Escoteiro Piratinis, azul celeste com a fita amarela, foram escolhidas
pelas relações com os Grupos Cruzeiro do Sul, que tinha seu lenço as cores azul,
branca e amarela e Canopus, que tinha o lenço amarelo com a fita azul.
Registros de atividades ao ar livre durante sua vida escoteira:
A grande
maioria traz imprecisão ou omissão de datas. Outros eventos simplesmente não
foram anotados. Do que está registrado, consta:
Como Lobinho,
acantonou quatro vezes.
Acampou oito vezes,
fez duas jornadas a pé e três de bicicleta como Escoteiro.
Acampou vinte e duas
vezes e fez três jornadas a pé como Sênior e acampou trinta e sete vezes e fez
três jornadas a pé como Pioneiro
Como Chefe,
participou de bivaques no Horto Florestal, no Pico do Jaraguá, no Parque do
Estado, em 3 de janeiro e Interlagos em 14 de março de 1965, além de:
Acampamento
Demonstrativo, no Ibirapuera, de 21 à 25 de abril de 1965;
Jornada distrital em
29 de junho de 1965;
Acampamento distrital
no Horto Florestal, em 17 e 18 de outubro de 1965;
Acantonamento em
Cotia, em 27 e 28 de fevereiro de 1966;
Acampamento Regional,
no Ibirapuera, de 20 à 24 de abril de 1966;
Acampamento no Riacho
Grande, em 7 e 8 de janeiro de 1967;
Bivaque, em Poá, em
janeiro de 1967;
Acampamento no
Ibirapuera, de 21 a 23 de abril de 1967;
Com o Grupo Escoteiro
Piratinis, a partir de 1968:
Acampamento no Riacho
Grande, em 30 de julho de 1968;
Jornadas na Serra do
Mar, em 22 e 23 de julho e 29 de outubro de 1968.
Acampamento
Demonstrativo, no terreno anexo à sede do Grupo, em 7 de setembro de 1971;
Acampamentos em São
Roque (três vezes);
Acampamentos em
Jandira (três vezes);
Acampamento em
Itapevi;
Acampamento em
Juquitiba, onde teve seus óculos pisoteados por um cavalo;
Acampamento em Araxá/MG
em janeiro de 1972
Acampamento em Serra
Negra;
Acampamento no km 41
da BR 116
Acampamento no km 55
da BR 116;
Acampamento em São
Lourenço da Serra;
Excursão ao Pico do
Jaraguá;
Excursão à Riviera;
Acampamento
Demonstrativo no Ibirapuera, em 1975;
Rally de Lobinhos em
1975;
Excursão ao Parque do
Estado;
Excursão ao
Zoológico;
Acampamento no
CEMUCAM, Cotia, por 7 dias
A partida
O Chefe Raymundo
partiu para o Eterno Acampamento em 22 de setembro de 1979, após resistir por
uma semana os efeitos letais de um aneurisma cerebral, ocorrido no término de um
Acampamento, quando caminhava com o Chefe Ivan Assaritti, radioamador do Grupo
Escoteiro Piratinis.
Mais do que saudades, ele deixou exemplos de bom cidadão, bom pai e bom
Escoteiro. Mas o maior exemplo foi o de como ser um grande Homem, sendo
extremamente simples.
Foi embora vestindo seu uniforme verde oliva, talvez para o lado de B.P..
Em 1993, a partir de
Projeto de Lei na Câmara Municipal de São Paulo, foi homenageado, recebendo seu
nome a travessa onde está a casa em que morou no Bairro Planalto Paulista.
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